terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

Hoje, dia 8 de março, terça-feira, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Como este blog tem por intuito principal valorizar o papel da mulher, além de tornar pública a crescente presença feminina na sociedade, foi feita uma homenagem para essas pessoas que fazem a diferença tanto profissionalmente quanto pessoalmente, em meio a seus familiares.

A ideia do projeto “Mulheres que fazem a diferença” surgiu após a vitória de Dilma Roussef nas eleições para Presidente da República. Esse fato mostrou que, mais do que nunca, a mulher pode prosperar e fazer a diferença em todos os âmbitos de sua vida. Sim, nós podemos!

Em janeiro de 2011, solicitei uma entrevista com nossa presidente, Dilma Roussef. Por estar muito atarefada em seus primeiros dias de mandato, ela não pôde me receber. Entretando, enviou-me uma declaração especialmente sobre o Dia Internacional da Mulher para que fosse publicada no dia de hoje. Leia a seguir:


Saiba mais sobre o Dia Internacional da Mulher:

No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência.
Somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o dia oito de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual.

Parabéns a todas as mulheres! 

segunda-feira, 7 de março de 2011

Marina Ribeiro, trabalhando na ONU, protege a Camada de Ozônio, além de dedicar-se à família

Mulheres que fazem a diferença

Marina Ribeiro é uma mulher que faz a diferença. Gerente de projetos das Nações Unidas para a preservação do meio ambiente, a mulher, que se diz muito feliz, tem paixão por corrida e viagens mundo afora também é mãe, avó e uma esposa dedicada.

Autora: Como foi a sua formação, tanto acadêmica quanto das Nações Unidas.
Marina: Eu me formei em economia e administração de empresas e, quando comecei na ONU, ainda não era formada. Eu me formei estudando lá mesmo. Comecei como funcionária, não como estagiária, e fui promovida ao longo do tempo. Hoje trabalho como gerente de projetos ambientais.

Autora: Como é o seu trabalho?
Marina: Eu trabalho em gestão de projetos ambientais, que estão direcionados para a proteção da Camada de Ozônio. Trabalho para o Brasil, fazendo os projetos ambientais do país para essa proteção. Como eles são executados com recursos doados, os países desenvolvidos formaram o Fundo Multilateral cuja Secretaria organiza e administra todas as doações para os países em desenvolvimento.

Autora: Você e sua equipe que elaboram os projetos então? Eles logo são postos em prática?
Marina: Os projetos são escritos em conjunto com o governo, sempre sob a coordenação do mesmo e, ele estando de acordo, os submetemos à Secretaria do Fundo Multilateral. Quando esta aprova é que passamos a executá-los aqui. A cada seis meses temos que reportar ao Fundo o que fizemos, como gastamos o dinheiro doado e como está o andamento do projeto, pois, apesar de ser doado, temos que prestar contas do que é feito. E o bom disso é que a gente se ajuda. Por exemplo, no meu caso, é o Brasil, mas existem pessoas como eu em outros países emergentes. Cada um que trabalha junto ao Ministério do Meio Ambiente de seu país está ajudando o mesmo a cumprir seus compromissos junto ao Protocolo de Montreal.

Autora: E todos os países em desenvolvimento têm acesso a esse Fundo Multilateral?
Marina: Sim, todos. Assim como todas as agências da ONU, que podem elaborar um projeto para o Brasil ou qualquer outro país em desenvolvimento e submeter à Secretaria do Fundo.
Por exemplo, há o PNUMA, que é o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a UNIDO, organismo das Nações Unidas para Indústria e Comércio, e muitas outras.

Autora: Em qual agência da ONU você trabalha?
Marina: Trabalho para o PNUD, que é o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Aqui no Brasil só o PNUD tem executado projetos na minha área, do Protocolo de Montreal.

Autora: Qual o seu projeto atual?
Marina: Executo o Plano Nacional para a eliminação dos CFCs (gases clorofluorcarbonos). Nele há um componente de treinamento de boas práticas, que consiste em recolher e regenerar os gases.


Autora: E está dando resultado?
Marina: Sim, está. O Brasil cumpriu com todo o seu compromisso com relação aos gases clorofluorcarbonos, então desde 2010, nenhum país em desenvolvimento pode produzir, exportar e muito menos importar CFCs. Está proibido por lei, não é permitido. O Brasil antecipou isso e foi premiado, juntamente com o PNUD, pelo trabalho que fez, já que em 2008, não mais importava esses gases e nunca chegou a produzi-los.

Autora: Seu trabalho quanto aos CFCs está completo então. Qual o próximo projeto?
Marina: Não temos outro projeto ainda. Agora, estamos trabalhando para o programa brasileiro de eliminação dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs).

Autora: Esses gases também são prejudiciais?
Marina: Sim, não tanto quanto os CFCs, mas prejudicam sim. Primeiro, foi descoberto - por um brasileiro, Mario Molina -, nos anos 70 que os CFCs eram prejudiciais para a camada de Ozônio.

Autora: O que foi feito?
Marina: Todos os países desenvolvidos tomaram providências imediatas, pois têm recursos para isso. Os países em desenvolvimento não, porque, nestes, isso envolve muito mais pequenas e médias empresas do que grandes empresas nesses. Esses países precisavam de recursos para conseguir a diminuição e eliminação do uso de CFCs. Surgiu, então, o Fundo Multilateral e a Secretaria que iria organizar as doações dos desenvolvidos para os emergentes.

Autora: E quanto aos HCFCs?
Marina: Os países conseguiram diminuir e até eliminar o uso de CFCs, só que, principalmente com o setor de espumas, a conversão de tecnologia era feita para equipamentos que utilizavam HCFCs, que era a única tecnologia viável na época. Hoje em dia já existem outras, apesar de serem poucas. Naquela época era única e era prejudicial à camada de ozônio e ao aquecimento global – apesar de que na época não se falava muito nesse assunto, só há uns 11 ou 12 anos que o mundo começou a se alarmar quanto a isso. Assim, um dos HCFCs para o setor de espumas foi amplamente usado em todos os países em desenvolvimento para substituir os CFCs. Agora com essa preocupação de mudanças climáticas, aquecimento global e tudo o mais, começaram a pensar que já era hora de trabalhar com novas tecnologias para substituir os HCFCs. Então, todos os países em desenvolvimento – não só o Brasil – e os desenvolvidos estão trabalhando para encontrar novas tecnologias para substituir esses gases e elaborar projetos para as tecnologias que já foram descobertas.

Autora: O Brasil já está próximo de ter um novo projeto?
Marina: O que está acontecendo no Brasil é que já descobrimos duas ou três dessas tecnologias, e estamos trabalhando no desenvolvimento do novo programa que o Brasil vai submeter ao Fundo a fim de conseguir recursos para a eliminação desses gases.

Autora: E qual é a meta?
Marina: Trabalhando agora, pretendemos até 2015 eliminar a utilização dos HCFCs.

Autora: E está dentro das metas do milênio?
Marina: Sim, faz parte dos objetivos do desenvolvimento das Nações Unidas para o milênio, que é o do meio ambiente, no caso do Protocolo de Montreal.

Autora: Você tem ajuda de técnicos para alcançar esses objetivos, certo?
Marina: Claro. Eu sou a gerente. Temos que contratar técnicos na área de refrigeração, de espuma, de todos os setores, para assessorar a equipe e executar os projetos de conversão. Existe uma equipe administrativa e uma equipe técnica, nacional e internacional.

Autora: Como é sua relação com a equipe?  
Marina: É muito boa! Nós somos uma família, até porque passamos quase oito horas juntos. Aliás, eu tenho esse costume, acho que todo lugar onde convivemos, principalmente onde trabalhamos, devemos ter uma harmonia, viver em família, trabalhar com ética. Ética é muito importante, tanto na família quanto no trabalho. Temos um bom relacionamento, tanto dentro do PNUD, como com as contrapartes, o Ministério do Meio Ambiente e as outras agências, é uma relação de confiança. É um trabalho, também, prazeroso, porque todos que estão trabalhando nisso sabem que estão fazendo um bem. Bem para a natureza, para o mundo, para nós, para mim, para você, para a família. É um ponto importante para a preservação da natureza e da nossa saúde. Isso é estimulante, pois todos sabem que estão fazendo de fato alguma coisa para preservar o meio ambiente e a nossa vida.

Autora: Há algo que as pessoas “comuns” poderiam fazer?
Marina: Sim. O principal é se proteger. Hoje a Camada de Ozônio está menos forte, menos “protetora”, mas não podemos dizer que ela não existe. Ela existe sim, apesar de possuir um buraco enorme que está diminuindo gradativamente. Prevemos que até 2020 ou 2025, ela estará 80% regenerada. E até 2050, esperamos que o nosso trabalho dê resultados e que a camada esteja totalmente regenerada. Por isso, para a saúde, a recomendação é usar protetor solar, que evita o câncer de pele. A Camada de Ozônio fina ou nenhuma dela promove que os raios solares passem diretamente para a sua pele e cause o câncer. Óculos escuros também são importantes porque protegem os seus olhos da claridade, dos raios ultravioletas, e, inclusive, não é recomendado comprar óculos de sol em camelô, pois você não sabe se ele tem mesmo proteção de UVA, UVB, então é bom prestar a atenção no tipo de óculos e onde está comprando.

Autora: Isso é uma proteção que qualquer um pode fazer.
Marina: Exatamente. Outra coisa é em relação ao comércio, todo produto que for utilizado, por exemplo, quem é asmático, se for usar algum remédio para asma, tem que olhar se contém ou não CFCs. O próprio governo já legislou e proibiu a fabricação de medicamentos, produtos farmacêuticos, aerosóis, tintas ou espumas que contenham clorofluorcarbonos, e qualquer produto que poderia utilizar CFC é obrigatório agora indicar nas bulas ou embalagens que não contém esses gases. As pessoas têm que olhar se o que estão comprando não contém CFCs. É importante fazer isso. Se virem nas prateleiras um produto que poderia utilizar CFCs e não há indicação alguma na embalagem, é bom denunciar. A legislação já existe e, de qualquer forma, é para todo mundo ficar tranquilo que tanto o PNUD quanto o Ministério do Meio Ambiente têm trabalhando com a ANVISA e com todos os departamentos e instituições de licenciatura e de liberação de medicamentos ou produtos.  Já está proibido, mas é um papel que podemos fazer, e não custa nada fiscalizar.

Autora: E para sabermos quais têm ou não têm?
Marina: É só olhar nas embalagens, por exemplo, spray de tinta. Há alguns que colocam ali: “Não contém CFCs”. Todos devem ter isso. Bombinhas para asmáticos; qualquer tipo de medicamento que tenha algum tipo de bombinha; se for ao médico e ele for receitar, pergunte se tal medicamento contém os gases clorofluorcarbonos e deixe claro que prefere medicamentos sem eles. Isso nas prateleiras já não deve ter, mas sabemos que sempre tem alguém que “dá um jeitinho brasileiro”, não é? [risos] Prestar a atenção nesses detalhes e “fiscalizar” é fazer um papel cidadão.

Autora: Para quem quer começar agora, entrar na ONU, como faz?
Marina: Não há concurso público. Para ingressar na ONU existe um processo seletivo. Todo e qualquer sistema das Nações Unidas no Brasil, quem quiser se candidatar deve entrar no site de cada organismo e procurar um ícone do processo seletivo. Lá existe a orientação de como fazer, como mandar o currículo, como proceder.
Além do site, a ONU publica anúncios de vagas para postos de consultoria ou postos fixos nos jornais estaduais.

Autora: Você foi trabalhar alguns anos nos Estados Unidos, certo? Também foi pela ONU?
Marina: Sim, também foi por processo seletivo, mas já é diferente. Antes de viajar, eu tinha funções de assistente de projetos na área ambiental no próprio PNUD, mas não gerenciava ainda nem trabalhava com nenhum projeto para a proteção da camada de Ozônio na época. Em 1998 abriu essa vaga em Nova York para trabalhar em todos os projetos para a América Latina e o Caribe, era um trabalho de assistência. Eu fui trabalhar para Unidade do Protocolo de Montreal na sede do PNUD e assisti a um coordenador de todos esses projetos. Surgiu, então, a oportunidade de abrir esse Plano Nacional para o Brasil, no qual estou trabalhando agora. Voltei em 2002 trazendo um recurso para trabalhar com o projeto aqui, para gerenciar essa carteira de projetos no Brasil, montar um escritório e uma equipe.

Autora: Você é realizada com o seu trabalho?
Marina: Muito! Com certeza, quem não estaria?! Ajudando e vendo um país ser premiado pelo trabalho feito. Esse não é um trabalho só da Marina, só meu, é um trabalho de equipe e também do governo brasileiro. Essa é a diferença que eu faço. Contribuo para o sucesso do país.

Autora: Por que você acha que é uma mulher que faz a diferença?
Marina: Primeiro, acho que todas as mulheres fazem a diferença. Só o fato de ser mãe faz uma grande diferença, porque eu acho que o mundo é a nossa mãe e a mãe é mãe de todos os seres que estão no mundo. A cada filosofia de vida que uma mãe passa para os seus filhos, já estamos contando com um mundo melhor, com mais amor e carinho, por isso acho que o mundo é mãe. No meu caso, eu só contribuo com uma partezinha desse feminino. Parte essa de gerenciamento de projetos importantes na área ambiental para a proteção da camada de Ozônio, da raça humana e da natureza. Contribuo para a preservação do mundo. Mas cada mulher - e também cada homem - que participa desses projetos contribui com isso. Eu sou uma das mulheres que trabalham em países em desenvolvimento para a proteção da Camada de Ozônio. Essa eu acho que é a diferença.

Autora: O que faz a diferença na sua vida?
Marina: Ser avó, estar novamente na universidade e ser sucedida profissionalmente.

Autora: E o amor?
Marina: Sim, acho que o amor já estar incluído nesse “pacote” pois sem amor não somos completos. E, além do mais, amo meu marido.

Autora: Qual o seu hobbie?
Marina: Estar na faculdade agora, estou estudando por hobbie, fazendo Letras na UnB. Curtir meu netinho, meus familiares que vem aqui me visitar; ler muito, adoro ler; eu tinha um hobbie de escrever, mas agora que estou na faculdade, não estou tendo tempo para fazê-lo.  Estou escrevendo sim artigos acadêmicos, projetos, essas coisas assim, mas eu escrevia muito também. O hobbie que descobri agora é a corrida. Adoro yoga, fazer tai shi, meditar e namorar meu marido. Viajar também.



*Se você não conhece o Protocolo de Montreal ou quer saber mais sobre o assunto, acesse: http://www.protocolodemontreal.org.br/


Agradeço imensamente a Marina Ribeiro pela entrevista e por nos incentivar a preservar o meio ambiente.

Desculpe demorar a postar a entrevista, pessoal. Em breve, aguarde novidades por aqui!


Leia também: Conversa com a Autora

sábado, 29 de janeiro de 2011

Angela Mazzei, a diretora de um curso de línguas que não tem receio de lutar pelo o que quer

Mulheres que fazem a diferença

Angela Mazzei é uma mulher que faz a diferença. Empresária, diretora de duas filiais de um curso de inglês e professora de línguas, ela persegue seus sonhos e atua também como guia de turismo.
Angela conta à “Conversa com a Autora: Entrevistas” como chegou a alcançar alguns de seus sonhos.

Autora: Como você se tornou professora de inglês?
Angela: Eu era aluna e estudei a vida toda no CCAA. Quando eu estava terminando o curso, passei para administração de empresas na UFRJ. Tenho três faculdades de pós-graduação e essa é a primeira delas. Depois entrei no curso de formação de professores e me apaixonei. É um perigo! Eu falo isso para todo mundo, porque você realmente se torna professor. O perigoso não é só tornar-se professor, mas o curso lhe dar duas profissões: aquela que você escolheu para a sua vida e aquela pela qual você se apaixonou. Assim, me tornei professora do CCAA e durante 14 anos da minha vida fui somente professora.

Autora: E depois disso?
Angela: Fui, então, convidada para trabalhar na direção geral do CCAA, trabalhei no setor de provas, no departamento de ensino. Eu também trabalhei levando o CCAA para as empresas em 1999.

Autora: Como era esse trabalho nas empresas?
Angela: É um setor do CCAA em que você divulga o curso nas empresas, chamado Sessão de Cursos Externos. Eu fazia contato e era essa ponte. Em algumas oportunidades fui à TV Globo, Globo SAT, Furnas, BNDS. Nesse tipo de trabalho você conhece muita gente, ainda mais que lida com RH.

Autora: E para ir de uma professora à uma diretora, o que você teve que fazer?
Angela: Inaugurei o CCAA Grajaú como diretora, mas ainda era filial. Fiquei de 1995 a 1999 aqui. Em 2001, o CCAA resolveu franquear o Rio de Janeiro e o doutor Valdir (dono da franquia) só vendia para quem tem amor ao CCAA. Havia uma pessoa que queria comprar a filial do Grajaú à vista, e ele não vendeu. Ele vendeu para mim, que tinha amor ao CCAA e tenho até hoje; ele sabia que eu ia honrar com os meus compromissos como sempre fiz. Então, me tornei franqueada. Ainda assim, sempre tive uma turminha. Não deixava de ter uma turma de alunos.

Autora: Você continua dando aula?
Angela: Sim, continuo! É a minha cachaça! (risos). Eu tenho aula VIP e aula de conversação. Quero fazer tudo ao mesmo tempo, mas eu, por exemplo, não posso deixar de ter uma turma, pois eu quero saber como está o resultado dos meus alunos. Eu me preocupo com isso. Eu simplesmente quero saber! Eu recebi o resultado dos alunos do CCAA que fizeram o TOEFL e fiquei muito feliz pois os resultados foram maravilhosos!
Eu acho que trabalhar em uma instituição em que as pessoas fazem um trabalho bonito e sério, nos dá resultados.

Autora: O trabalho é muito intenso? Você consegue administrar tudo?
Angela: Trabalhamos muito! Não sou mais diretora do CCAA, porque tenho o CCAA Grajaú, depois abri o Vila Isabel e a Dream Tour. Com três empresas, precisei colocar uma diretora aqui - com o meu jeito de ser, que administra como eu faço - para eu poder me ausentar nos momentos certos, buscar os negócios e, também, voltar a ter vida! Trabalho de 7h às 10h da noite durante a semana, e sábado, de 8h às 14h. Esse é o preço que se paga. Quando você sabe administrar seu tempo, gerenciar sua vida, você faz tudo o que quer e ainda sobra tempo para ir á praia. E gerenciar é delegar, então estou delegando minhas tarefas, ou seja, a direção do Grajaú. É claro que procuro estar em todas as três empresas checando o que está acontecendo. Foi a forma que eu encontrei de crescermos mais.

Autora: O que é a Dream Tour?
Angela: É uma agência de turismo para os alunos do CCAA que, querendo viajar com a gente, facilitamos. Começamos com uma brincadeira, a coisa ficou séria e a Dream Tour cresceu.

Autora: E como surgiu o Dream Tour? Eu sei que antes vocês faziam por uma outra empresa de viagens, não faziam?
Angela: Um grupo de alunos, em 2006, nos convidou para fazer uma viagem à Disney e, assim, fizemos. Só que para operarmos naquela época, não tínhamos empresa. Como o pessoal de outra agência de turismo era nosso amigo e é até hoje, fizemos uma parceria. Só que sentimos que o CCAA seria um grande mercado para nós em termos de viagens, então convidamos essa empresa para criar a Dream Tour, mas não deu certo porque nossa maneira de ver e de trabalhar era muito diferente da deles. Por exemplo, hoje, lá nos Estados Unidos, temos uma operadora. Quando chegamos lá, já está tudo pronto. O hotel já está com um bombom no seu quarto e a sua mala já está lá dentro. Acho que quando você dá conforto e faz um serviço legal, as pessoas indicam para outras, e essa é uma forma de crescer. Eles não viam isso, queriam fazer um trabalho como todo mundo faz e ter o maior lucro possível. Isso bateu contra a minha filosofia e com a da Edlice (a outra guia, sócia da Dream Tour, professora do CCAA e médica) e nós nos separamos dessa empresa. Nesse momento, criamos a Dream Tour, abrimos a agência e patenteamos o nome. Nela, estou focada se as pessoas estão felizes, realizando sonhos, se estão satisfeitas com a viagem.Ela cresceu do nosso trabalho, do serviço diferenciado, e estamos cada vez melhor devido a nossa experiência.

Autora: O que você acha de ser uma mulher de negócios?
Angela: A mulher quando é gerente e tem seu próprio negocio, quase sempre não é entendida pelos homens. Eu tive que fazer uma opção na minha vida, eu preferi não me casar, pois eu poderia ter-me ‘re-casado’ (risos), mas sou uma pessoa totalmente independente, tenho os meus negócios, faço da minha vida o que eu quero, tenho um filho e vou ser vovó agora.

Autora: Você é uma pessoa realizada?
Angela: Não sou. Se um dia eu disser que estou realizada, está na hora de eu ir embora. (risos) Estarei sempre buscando alguma coisa, procurando, e eu acho que crescer é sempre trazer as pessoas com você. Por exemplo, quando crescemos, com o CCAA Grajaú, Vila Isabel ou a Dream Tour, estamos empregando mais gente. Se você faz um trabalho bonito, o seu aluno gosta e sai daqui satisfeito. A filosofia do CCAA, que é aquela que eu aplico na Dream Tour, é ser leal, sincero e honesto. Trabalhar com transparência e amor. Eu acho que tudo o que você faz com amor e dedicação na sua vida só o faz crescer, e tudo dá certo! No momento em que você faz de má vontade, não funciona. Isso vale para qualquer profissional, seja qual for a área em que trabalhe.

Autora: Como é sua relação com os professores e funcionários?
Angela: Sou uma pessoa extremamente chata, pois sou exigente. Trabalha comigo quem me conhece e entende minha maneira de ser. Eu parto do seguinte princípio: não sou injusta com ninguém. Todas as vezes em que posso ajudar um funcionário, eu ajudo e o farei. Mas eu dou e exijo. Costumo dizer que eu não tenho funcionários, eu tenho amigos, colegas. Eu não gosto de chamar a atenção de ninguém porque acho que quando você é consciente com o trabalho que tem que cumprir, não precisa ser chamado a atenção. Então eu sempre converso com as pessoas e tento passar isso, pois quando o faço é porque não se está realizando o trabalho direito. Eu preciso saber se a pessoa não está mais satisfeita ou se realmente perdeu o foco do trabalho, e, nesse caso, irei ajudá-la.
Aqui eu também premio professores e funcionários. Eu acho que quando uma empresa está crescendo, todos crescem. E se o funcionário tem essa visão, ele faz de tudo para contribuir nesse  crescimento pois ele sabe que terá um retorno depois. Essa é a minha relação com eles.
Todos os meus funcionários aqui são antigos. Os que saem daqui, estudam, vão para outro tipo de emprego, e eu entendo isso, porque as pessoas têm que crescer na vida. Alguns dos que saíram eram ótimos funcionários, meus grandes amigos até hoje, e não fiquei nem um pouco triste com a decisão deles de irem! Pelo contrário, fiquei feliz por saber que eles estavam melhorando de vida. Muitos deles, inclusive, eu incentivei a voltar a estudar e hoje eles prosperam.

Autora: E com os alunos?
Angela: Com os alunos, eu tento ser eu mesma, a Angela, pois eles me veem somente como diretora. Por isso que eu vou fazer a proposta de rematrícula. Eu entro em sala de aula e repito a mesma coisa mais de cem vezes e gostaria de repetir mais duzentas vezes. É a forma que eu encontrei de ter contato com os alunos e fazê-los ver que não sou uma diretora rígida, e sim uma professora também, que pode ser amiga deles. Claro que cada um tem a sua posição, às vezes eu tenho que estar chamando a atenção de um aluno que fez alguma besteira, mas conversando, somente. Enquanto eu puder usar o diálogo, eu uso. Quando não der mais, eu chamo os pais, mas eu procuro ser amiga, apesar de saber que há muita gente que tem medo da diretora. Fazer o quê! (risos)

Autora: Por que você é uma mulher que faz a diferença?
Angela: Eu nem sei se faço a diferença. Sou uma batalhadora, sou uma leoa. Sempre o que fiz na minha vida foi focar no que eu queria. Eu pensava: “O que eu quero na minha vida e o que eu vou fazer para conseguir isso?”
Acordo todos os dias desempregada e tenho que ganhar meu dia, e, dessa forma, corro atrás de meus sonhos. Eu tenho sonhos grandes. Eu quero ver CCAA Grajaú, Vila Isabel e a Dream Tour muito grandes. Eu quero olhar para essas franquias e para a agência e ver que tem muita gente trabalhando e feliz. Aí já posso ir embora. Eu quero deixar um legado bonito para as pessoas que estão aqui. 
Se eu faço a diferença eu não sei, mas eu corro atrás dos meus sonhos e eu falo isso para todo mundo. Correr atrás de seus sonhos é você viabilizar aonde você quer chegar. E fazer isso da forma mais honesta e carinhosa possível sem subir em ninguém. Eu sou muito cristã, e eu acredito que você só consegue realizar os seus sonhos quando eles são bons, e que para vencer você não está destruindo ninguém. De igual para igual. Você não pisa em ninguém para crescer, e não humilha ninguém.
A mulher que faz a diferença não é só aquela que trabalha fora e que tem uma empresa não. A diferença a gente faz em momentos diversos da nossa vida. Eu vejo muitos adolescentes perdidos, sem foco, porque os pais infelizmente estão trabalhando fora e não têm tempo para os filhos. Eu trabalhei fora a minha vida toda, mas sempre tive tempo para conversar com o meu filho. 



Agradeço imensamente a participação de Angela Mazzei no prejeto de entrevistas "Mulheres que fazem a diferença".

Peço desculpas a vocês, leitores, por ter demorado tanto tempo a postar uma nova entrevista, mas sabem como é complicado época de férias, não? Espero que compreendam.
Obrigada pela visita e voltem sempre! Estarei aguardando os seus comentários sobre as entrevistas recentes.

Leia também: Conversa com a Autora

sábado, 8 de janeiro de 2011

Regina Canedo, sonhadora e dedicada à educação

Mulheres que fazem a diferença

Regina Canedo é uma mulher que faz a diferença. Educadora, mulher batalhadora e diretora de um colégio de ponta do Rio de Janeiro.
Regina conta a "Conversa com a Autora: Entrevistas" um pouco de seu trabalho e de seus interesses.

Autora: Qual foi sua formação?
Regina: Não estou formada. Pretendo jamais estar. Identifico-me MUITO com Educação. Depois de atuar como professora, busco especializações, atualizações que me despertem para novos ideais.
Assim, tem sido: Pedagogia, Psicopedagogia, Especialização em Educação Infantil, Especialização em Educação Especial, Administração Escolar, Supervisão Pedagógica, Orientação Educacional...

Autora: Como surgiu a ideia de montar um colégio?
Regina: Minha experiência inicial no magistério foi no ensino público. Lamentavelmente, à época, creio que ainda o seja: você não consegue realizar muito do que planeja. Depende de políticos.
Meus pais, percebendo minha vocação e grande interesse pela Educação, ofereceram-me o imóvel para inaugurar a primeira unidade MOPI.
Autora: E como você começou a estruturá-lo?
Regina: A partir de meus estudos e pesquisas adaptados ao imóvel. Participei de tudo. Vibrei com cada parede que ajudei a pintar.

Autora: Como é sua relação com os alunos?
Regina: Amigável, respeitosa. Gosto de estar entre eles, nas mais variadas idades. É uma superdose de energia positiva.
Autora: E com a equipe de funcionários?
Regina: São colaboradores que muito respeito, independente da função em que atuem. Todos são importantes para o MOPI. Acompanho o desempenho de cada um, através dos coordenadores dos núcleos. Trabalhamos com a política da meritocracia. O valor de cada um é reconhecido.
Autora: Você já entrou em classe alguma vez para ensinar?
Regina: Iniciei minha carreira no magistério, como professora de Jardim de Infância. Durante seis anos na Cidade de Deus: vivenciei a vida miserável, em todos os sentidos. Aprendi muito vendo o não ter, o não ser. Esforcei-me, sempre, para me doar. Depois no Instituto de Educação. Também trabalhei um período na Cultura Inglesa. É imprescindível praticar seus conhecimentos.
Autora: O que você sente quando vê "suas crianças" terminando o colégio e entrando na faculdade?
Regina: Penso como Fernando Pessoa foi feliz ao escrever: "Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?".
É, Vitória, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena.”

Autora: Quais são seus próximos projetos? O que sonha alcançar?
Regina: Ampliar o Grupo MOPI. Construir novas unidades. Contribuir para uma sociedade mais responsável, consciente da importância do exercício dos valores e princípios morais. Quem estuda no MOPI aprende esta lição. Somente assim a humanidade terá salvação.
Autora: Você tem o apoio da família no seu trabalho?
Regina: Sempre recebi carinho, apoio, admiração, respeito pelo que realizo. Hoje, meus filhos, contaminados pelo amor à Educação são meus sócios nesta paixão e nas empresas MOPI.
Autora: O que você acha dos projetos de desenvolvimento sustentável?
Regina: Importante caminho na solução de problemas que não mais pertencem ao futuro. Já convivemos com esta realidade. Mais uma vez a Educação possui fundamental importância para o enriquecimento cultural, conscientizando, estimulando o pensar com criatividade e respeito para o bem de todos nós em nosso maior legado: o planeta Terra.
 Autora: Quais são seus hobbies?
Regina: Gosto muito de praticar exercícios físicos, curtir minha família, netos (um dia você vai descobrir o que essas pessoinhas fazem com a gente), viajar pelo mundo, ler, cinema, teatro. Jogar Sudoku, Rummikub.
Autora: Por que você é uma mulher que faz a diferença?
Regina: Todos somos diferentes. De minha parte, sonho. Defino metas. Invisto para que estes sonhos se tornem realidade.


*Colégio MOPI – Moderna Organização Pedagógica Integrada


Agradeço encarecidamente à Regina Canedo por sua participação no projeto “Mulheres que fazem a diferença”.


Aguarde em breve novos relatos e entrevistas.

Leia também: Conversa com a Autora.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Aline Silva, uma petroleira desempenhando funções num universo basicamente masculino

Aline Silva Santos é uma mulher que faz a diferença.
Formada como técnica em informática, hoje ela trabalha em uma plataforma de petróleo da Petrobrás localizada na Bacia de Campos – Rio de Janeiro. Aline conta a "Conversa com a Autora: Entrevistas" um pouco de seu trabalho em um universo basicamente masculino.

Autora: Aline, você trabalha embarcada na P-54 e sua função é operadora de embarcação, no que consiste seu trabalho?
Aline: Somos responsáveis pelo armazenamento e escoamento do óleo produzido pela plataforma, além de controlar a estabilidade do navio.

Autora: Como chegou a fazer o que faz hoje?
Aline: Sempre trabalhei na área administrativa. Fiz o concurso tendo pouquíssima noção da função que exerço. Na verdade, nunca imaginei fazer esse trabalho, e só no curso de formação é que comecei a entender qual seria meu futuro profissional; e foi aí que comecei a me apaixonar pelo que faço.

Autora: Como se sente sendo uma das únicas mulheres na equipe?
Aline: É uma responsabilidade enorme, já que você fica em foco, tendo que mostrar que é tão capaz quanto os colegas de trabalho; mas é também um orgulho, uma superação, saber que exerço uma função tipicamente masculina.

Autora: Como é sua relação com seus colegas de trabalho?
Aline: É super tranqüila, uma relação de muito respeito e de admiração profissional mútua.
Brinco, às vezes, que é uma pena saber que a nossa equipe não vai permanecer assim para sempre, já que naturalmente, ao longo do tempo, colegas irão sair, outros irão chegar para completar o quadro e que de alguma forma essa integração, essa equipe coesa vai sofrer alterações; mas quando a gente faz o que gosta, é mais fácil se adaptar a mudanças.

Autora: O que é mais difícil em sua linha de trabalho? Por trabalhar embarcada, ficar longe da família deve ser difícil.
Aline: Estar confinada, não poder comemorar datas importantes, não é problema para mim. Difícil mesmo, é ficar longe da família, principalmente do meu filho; o que compenso me dedicando completamente a ele quando estou de folga.

Autora: Alguma tarefa é diferenciada por você ser mulher?
Aline: Absolutamente. Nós, mulheres, realizamos todas as tarefas que estão no escopo da nossa função. É claro que em determinadas manobras que exigem um esforço físico que ultrapasse o nosso limite, contamos com o apoio dos colegas, que dentro de uma equipe é normal de acontecer, independente de idade, estrutura física ou mesmo sexo.

Autora: Num ambiente de trabalho dito usualmente masculino, qual a reação das pessoas ao redor? Que tipo de impressão você acha que elas têm de você sendo mulher neste ambiente?
Aline: Ainda existe muito preconceito e algumas pessoas acham que não temos capacidade para estar realizando tarefas que até pouco tempo, só eram feitas por homens. Por outro lado, a maioria das pessoas demonstra admiração por constatar o quanto estamos crescendo no mercado de trabalho e quanto somos capazes.
Eu me orgulho muito do que faço e diante de todos os obstáculos que superei, me considero uma vencedora e muito realizada por estar aqui.


Agradeço imensamente à Aline por essa entrevista e por fazer parte do projeto "Mulheres que fazem a diferença".


Desejo um próspero Ano Novo a todos e até semana que vem!




Leia também: Conversa com a Autora.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Marcella Faye, a publicitária que ama trabalhar com hotelaria

Mulheres que fazem a diferença

Marcella Faye é uma mulher que faz a diferença. Publicitária em formação, ela trabalha fora de seu ramo. Mostra simpatia e dedicação na recepção de um hotel no Leme - Rio de Janeiro, adora o que faz, e conta para “Conversa com a Autora: Entrevistas” um pouquinho de como é o seu trabalho na área de hotelaria.

Autora: Como é seu trabalho como Recepcionista de hotel?
Marcella: É muito cansativo, tenho que estar sorrindo e apresentável o tempo inteiro, mas por outro lado estou gostando muito, pois estou fazendo algo que nunca imaginei estar fazendo na vida.
É um trabalho totalmente diferente do que eu deveria estar fazendo. Não tem nada a ver com minha formação, pois estou cursando publicidade. Conheci e realmente me identifiquei. Comecei porque precisava de um emprego e era algo bem versátil, e então, eu me encontrei.

Autora: E o que você acha do trabalho?
Marcella: Conheço gente nova todos os dias, ouço muitas histórias diferentes. Coisas que eu nunca imaginei saber na vida, como encontrar muitos estrangeiros, ter a oportunidade de conhecer novas línguas e falar outros idiomas. Inglês, por exemplo, que gosto muito. Estou agora aprendendo um pouco de chinês, alemão... É muito legal!

Autora: Como é o ambiente de trabalho?
Marcella: É muito bom e o pessoal também!

Autora: E o staff é grande?
Marcella: São doze recepcionistas divididos em três turnos. Todo mundo se encontra, então todos somos amigos! Como trabalho no turno da manhã, encontro o pessoal da madrugada e da tarde também. Tenho um chefe maravilhoso, que é como um pai para todos lá. E é difícil achar alguém da chefia assim.

Autora: Como é sua relação com os colegas de trabalho?
Marcella: É muito boa! Todos se conhecem e são amigos! Eu falo com o faxineiro, com o arrumador, com o rapaz da portaria de serviço... Todo mundo é igual lá e se trata super bem.

Autora: Como é sua relação com os clientes?
Marcella: Conheço muitas histórias de outros lugares. As pessoas gostam de falar sobre seu país, sobre o que tem por lá. Elas vêm para cá, para o Rio de Janeiro, e muita gente tem medo. Perguntam “É seguro andar na rua? Posso andar normalmente? Usar jóias?”. Acho até engraçado, pois estamos acostumados, saímos de casa todos os dias e não temos essa preocupação.

Autora: E vocês dão dicas de onde ir, o que fazer?
Marcella: Sim, temos influência no que as pessoas fazem, porque chegam aqui e dependem de nós para andarem pela cidade. Algo que eu percebo é que os turistas vêm pra cá e querem eles mesmos olharem o mapa, pegar um ônibus e ir. Eles querem se virar. E, assim, dependem dos recepcionistas do hotel para dar as instruções e dizer aonde ir, aonde descer do ônibus. Por eles serem dependentes, acho legal ajudar de alguma forma.

Autora: E vocês tem algum tipo de "hóspedes permanentes" ou que, pelo menos, sempre hospedam-se com vocês?
Marcella: Sim, os hóspedes, que nós chamamos de habitués, são aqueles que estão sempre hospedados lá. Alguns falam “Só fico neste hotel por causa de vocês!” porque desde o momento que eles chegam ao hotel, damos o máximo de suporte para estarem lá. Alguns vão só para conversar. Nós os abraçamos e acolhemos mesmo. No carnaval, por exemplo, sempre tem festa no hotel. É muito divertido! Inclusive saímos da recepção para sambar com os hóspedes!

Autora: Os hóspedes ficam satisfeitos, então?
Marcella: Os hóspedes estão sempre voltando, justamente pelo atendimento diferenciado que damos. Às vezes, por exemplo, se um hóspede passa mal, chamamos o médico ou, até, o acompanhamos ao hospital. Procuramos sempre dar esse apoio.

Autora: Que tipo de hóspede vocês tem no Hotel?
Marcella: Lá temos muitas tripulações, que estão lá quase todos os dias, então há certa intimidade entre os funcionários e os hóspedes. Quando eles vão à rua, se preocupam, perguntando se queremos algo... é bem uma cumplicidade mesmo.

Autora: E famosos, também hospedam-se lá?
Marcella: Algumas vezes sim. Hospedam-se atores, pois muitas vezes tem gravação de novelas e filmes naquela parte da praia, que é no Leme. O almoço deles e a troca de figurino acontecem lá no Hotel. Já se hospedaram bandas, além de muitos times de esportes, quando tem jogo. Jogadores de futebol, mesmo fora de grupos, ficam por lá. Um deles agora está morando lá no Hotel, o André Luiz do Fluminense. Já estiveram hospedados o Thiago Lacerda, a Camila Pitanga... Muita gente mesmo!

Autora: O Hotel no qual você trabalha também é apart-hotel?
Marcella: Não, lá é Hotel mesmo. Mas, por exemplo, muitas pessoas que são de empresas, moram em São Paulo e precisam ficar algum tempo aqui no Rio, hospedam-se lá. Há pessoas, por exemplo, que estão lá há três meses direto, morando lá. Vão e voltam. Há, ainda, alguns hospedes que moram por um tempo lá, mas não é apart-hotel. Fazemos até um pacote especial para não ficar caro demais, com preço bom, justamente pelo tempo que eles permanecem, pois disponibilizamos o apartamento somente para eles.

Autora: Quando você foi trabalhar, procurou um hotel?
Marcella: Não, eu entrei por acaso. Estava trabalhando em uma agência de publicidade, fazendo propagandas, filmes e comerciais. Só que era muito distante da minha casa, em torno de três horas para ir e três para voltar. Trabalhava o dia inteiro e não recebia salário, somente o valor do transporte, e ainda assim, às vezes tinha que inteirar.

Autora: Como chegou nesse Hotel do Leme?
Marcella: Uma amiga minha trabalhava em um hotel e perguntei para ela se não teria a possibilidade de conseguir um trabalho para mim. Eu fui, então, numa sexta-feira, fazer uma reunião com o RH e com o meu atual chefe de recepção. No meio da entrevista, ele começou a falar inglês de repente! E ele tem uma voz diferente, então pensei “O que esse cara está falando?” pois sei falar inglês mas não tão fluente assim. Tentei falar normalmente com ele, e, na mesma hora ele disse que na segunda-feira eu poderia começar.

Autora: E onde você foi trabalhar? Direto na recepção?
Marcella: Primeiro achei que fosse ficar no caixa do restaurante, quieta lá no meu canto. Mas não, o meu chefe me disse que eu ficaria na recepção.
No começo foi bem difícil porque tive que me acostumar a ficar em pé o tempo inteiro. Tive dores nas pernas, fiquei cansada, queria me sentar a todo momento. Achei que ele fosse me mandar embora no mesmo mês porque eu estava me arrastando! Mas consegui pegar o ritmo e agora já estou lá há dois anos e pouquinho.

Autora: O que você acha da recepção?
Marcella: Estou acostumada a ficar na recepção a manhã toda. Eu não acreditava nisso, mas quando comecei a trabalhar percebi: a recepção é o coração do hotel. Nada acontece sem que passe por ali. Todo e qualquer problema passa para a recepção e nós que damos um jeito de resolver. Se não tiver recepção, não funciona!

Autora: Você gosta do que faz?
Marcella: Gosto muito! Às vezes reclamo, digo que minha perna está doendo, como agora estou com a bota aqui (Marcella estava, no dia da entrevista, com tendinite em uma das pernas por causa do trabalho e usava uma bota ortopédica), mas adoro! Se fosse mudar, seria para outro local parecido.

Autora: Como foi "encontrar-se" na hotelaria?
Marcella: Hotelaria foi bom para mim porque não sou uma pessoa tímida ou envergonhada, até converso bastante, só que eu me segurava um pouco. Agora, querendo ou não, eu tenho que falar com pessoas que nunca vi na vida. Aprendi a ser assim, mais extrovertida e aberta para falar com quem não conheço, sabe? É a prática! Abriu oportunidades.

Autora: Você pretende futuramente fazer uma faculdade de hotelaria?
Marcella: Bom, falta apenas um ano para eu terminar a faculdade de publicidade. Não pretendo fazer exatamente uma faculdade de hotelaria, mas uma pós relacionada a isso.

Autora: E com publicidade, você não pretende trabalhar?
Marcella: Por enquanto não, porque gosto desse caminho que eu encontrei na hotelaria.

Autora: Nem pretende conciliar a publicidade com a hotelaria?
Marcella: Se surgir futuramente pela publicidade uma oportunidade melhor do que estou agora, com certeza. Não posso dizer que vou ficar na hotelaria para sempre! Mas, por enquanto, não, apesar de usar a publicidade para divulgar meu trabalho e o que faço como hobbie.

Autora: Quais são seus hobbies?
Marcella: Gosto de trabalhar com arte, fazer trabalho gráfico e scrapbook. Gosto de fazer pra mim, como uma maneira de descansar. Divulgo no meu blog e às vezes as pessoas se interessam e encomendam.

Autora: Você tem alguma dica para quem está começando?
Marcella: Paciência porque você resolve o problema dos outros o dia inteiro e, muitas vezes, recebe reclamações das quais você não poderia fazer absolutamente nada para resolver, mas você tem que ouvir pacientemente. Tentamos ajudar de qualquer forma, às vezes não está ao nosso alcance, então falamos “olha, desculpa, mas não tenho o que fazer!”.
Ainda mais que turistas estão em um lugar que eles não conhecem e são dependentes mesmo da recepção.
Outra característica é ter que gostar de lidar com o público e ter uma simpatia natural, porque é necessário entender que as pessoas chegam cansadas de horas e horas de vôo e não querem encontrar alguém mal humorado, indisposto a ajudar, mas ser recepcionado com um sorriso, querem se sentir acolhidas, pois ali é um local onde elas vão descansar e ter as instruções para conhecer o local e se divertir.
Fazer academia, andar bastante ou praticar algum esporte (risos) para ter uma capacidade física boa para estar ali em pé, com as pernas doloridas, ralando o dia todo, de rádio na mão para cima e para baixo. Tem, também, que estar sempre alerta, pois você está lidando com pessoas diferentes todos os dias, tanto de dentro do hotel quanto de fora, e quando chega hóspede novo ou grandes grupos, a bagagem fica ali no lobby e se sumir algo, a culpa é nossa, então, é preciso ficar sempre de olho no que acontece.


Agradeço encarecidamente pela participação de Marcella Faye no projeto "Mulheres que fazem a diferença"!


Aguarde novos relatos nas próximas semanas.

Feliz Natal a todos!

Leia também: Conversa com a Autora

sábado, 11 de dezembro de 2010

Beatriz Naveiro, artesã e coordenadora geral do Jornal EntreArtes

Mulheres que fazem a diferença

Beatriz Naveiro é uma mulher que faz a diferença. Ela é coodenadora geral do Jornal EntreArtes, distribuído mensalmente, de forma gratuita, em municípios do estado do Rio de Janeiro; organizadora de eventos, uma artesã muito talentosa, além de extremamente simpática.
O Jornal, de artesanato, em 2010, completa dez anos de existência e Beatriz contou para “Conversa com a Autora: Entrevistas” um pouco de sua trajetória e de seu trabalho.

Autora: Gostaria de saber um pouco de sua história.
Beatriz: Me formei em Belas Artes e em Arquitetura. Passei dez anos trabalhando com este segundo curso. Cansei. Fiz um curso de joalheria com Caio e Paula Mourão. Ele me convidou para dar aula de resina em seu atelier. E foi o que fiz, por quinze anos. Como era de se esperar, depois de tanto tempo, queria algo novo. Fui para os Estados Unidos e lá me interessei por fazer velas, e quando voltei, fui dar aula desta técnica. Após vários anos, pensei “O que fazer agora? Algo novo. Mas, até o momento, o que fiz? Passei informação através das aulas. Agora irei passar informação.”

Autora: Foi aí que surgiu a ideia do Jornal EntreArtes?
Beatriz: Sim, eu sabia muita coisa sobre artesanato e queria passar essas informações para as pessoas. Porém, eu não sabia nada sobre Jornalismo ou sobre como fazer um jornal. O que fazer então? Contratei uma jornalista, que hoje é minha sócia, Marcia Renault, e um diagramador para me auxiliarem e estruturarem o jornal. E eu precisava de ajuda, até porque o jornal é distribuído gratuitamente. Mas a pauta do jornal, é claro, sou eu que faço: procuro anunciantes, artesãos, ideias novas, dicas, tudo que sei que interessa ao artesão. 

Autora: Aonde é feita a distribuição? Como decide onde será feita essa distribuição?
Beatriz: A princípio, a distribuição é feita nos anunciantes, para que o público deles tenha acesso ao Jornal. Distribuímos no Rio e no Grande Rio, em municípios como Nilópolis, Cabo Frio, Caxias, Nova Iguaçu, Campo Grande, Teresópolis, Petrópolis, Itaipava, Resende... e por aí vai.

Autora: Qual o intuito de distribuir gratuitamente o Jornal?
Beatriz: O Jornal é gratuito justamente para atingir o artesão, que muitas vezes não pode arcar com este gasto todo mês. É uma maneira de facilitar a divulgação para os anunciantes.

Autora: E a revista EntreArtes? Como surgiu?
Beatriz: A revista é, basicamente, para as professoras. Ela tem como objetivo prestar um serviço para quem quer fazer a sua própria revista. Fazemos uma revista pela editora EntreArtes - com o título escolhido pelo cliente, seja com a marca de um ateliê ou o nome de um artesã , a editoração eletrônica e a impressão, entregando o material pronto para as professoras. É tudo sob encomenda, feito sob medida.

Autora: Como se sente com seu projeto do Jornal EntreArtes completando dez anos em 2010?
Beatriz: Sinto-me vitoriosa, porque não é fácil levar um negócio pequeno no Brasil. Há pouco apoio, pouco subsídio, até das próprias empresas do setor. Ainda mais eu, sem nenhuma experiência em trabalhar com jornal e com editoração. Realmente, me sinto vitoriosa, por ter construído pouco a pouco meu trabalho, colocando a cada dia, até hoje, um tijolo na minha parede, pois, se deixarmos de lado e não perseverarmos, essa parede desmorona.

Autora: Vitoriosa, também, por ter subido na vida?
Beatriz: Nem digo “subido na vida” porque um dia você está em cima, no outro já está em baixo. Para se conseguir o que quer e manter o que tem é preciso perseverança.

Autora: Você também organiza eventos. Como são?
Beatriz: O objetivo de organizar eventos era justamente fazer eventos de qualidade nos quais o Jornal pudesse participar. Assim, me uni a Iara Madeira e Ignez Leig, ex-presidente da Associação Brasileira de Pintores em Porcelana, para organizar a Convenção Brasileira de Pintura Decorativa. Fizemos, então, um evento aos moldes dos Estados Unidos, com oficinas ministradas por professores do Brasil e do exterior, e mais de quarenta expositores, incluindo fábricas vendendo seus produtos para artesanato. Expandimos e consolidamos o evento, e hoje temos empresas expositoras de todo Brasil, inclusive para São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Autora: E quanto aos projetos “Pinta Brasil” e “Pintando a bordo”?
Beatriz: Estes são eventos menores, ramificações da Convenção, sendo o foco sempre em Pintura Decorativa. Ambos são seminários. O “Pinta Brasil” acontece em um hotel, por isso são apenas cinco ou seis expositores, incluindo as empresas que vendem artigos de artesanato. Neste ano de 2010, o “Pinta Brasil” realizou em outubro cinco seminários com as professoras Mara Fernandes (SP) e Judy Diephouse (EUA). Já o “Pintando a bordo” são cinco dias em um cruzeiro, no qual as pessoas vão pintar e se divertir, caso não pintem!

Autora: Você é diretora financeira da Associação dos Artesãos e Produtores Rudimentares do Estado do Rio de Janeiro (AART-RJ), certo?
Beatriz: Sim, mas isso é totalmente dissociado de tudo o resto que faço: o Jornal e os eventos.

Autora: Você mesma, atualmente, faz algum tipo de artesanato?
Beatriz: Faço todos os tipos de artesanato! Bijuteria, arte em madeira, costura, de tudo um pouco. Padeço do mal da ansiedade e por isso tenho que estar sempre fazendo algo.

Autora: E você chega a vender o que faz?
Beatriz: Bom, eu faço primeiro para mim mesma. Depois, se alguém gostar muito, faço sob encomenda, pois minha veia comercial fala mais alto. Esse é o mal de ser multifacetada! (risos)

Autora: Quando lhe apresentei o nome do projeto de entrevistas “Mulheres que fazem a diferença”, você me disse “Modéstia à parte, eu realmente faço a diferença”. Poderia me dizer, porque você é uma mulher que faz a diferença?
Beatriz: Faço a diferença porque sou ousada e porque tenho muita criatividade e exercito isso. Com essas características, tenho a capacidade de realização, pois corro, vou atrás e consigo o que quero. Pense bem, perseverar é muito difícil. As pessoas desistem no meio do caminho, em vez de buscar sua falha, mudar sua abordagem e se corrigir. Eu tenho essa capacidade, de encontrar meu erro e consertá-lo.


Agradeço imensamente a participação de Beatriz Naveiro em "Mulheres que fazem a diferença".


Aguarde novos relatos e entrevistas na próxima semana.

Leia também: Conversa com a Autora

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Malu Palma, a terapeuta que se auto-denomina “facilitadora de conversa”

Mulheres que fazem a diferença

Entrevista com Malu Palma, a terapeuta que se auto-denomina “facilitadora de conversa”

Quem não precisa de vez em quando conversar com alguém? Contar sua vida, seus “causos” ou, simplesmente, desabafar?
Vitória Pratini e Malu Palma
Muitas vezes procuramos alguém fora do nosso cotidiano, que nos ajude a entender nossos próprios problemas e a encontrar uma solução para eles. Um profissional, que nos escute sem julgar e sem dar conselhos que atravanquem ainda mais nossa situação. Esse profissional é o psicólogo.

Malu Palma é uma mulher que faz a diferença. Psicóloga de formação, especializada em terapia de casal, simpaticíssima e super talentosa no artesanato.

Ela contou ao “Conversa com a Autora: Entrevistas” um pouco da sua história profissional.

Autora: Você sempre quis ser psicóloga?
Malu: Na época do vestibular, fiz uma orientação vocacional, e como já fazia terapia há algum tempo, achei que a psicologia seria um caminho bom!

Autora: Você se sente realizada com seu trabalho atualmente?
Malu: Sou inquieta sabe?! Gosto muito do que faço, mas estou sempre procurando coisas pra estudar, cursos e grupos de estudo. Acho que sempre dá pra melhorar. Sou muito satisfeita por ter escolhido a profissão certa. Não poderia estar em outro lugar.

Autora: Como foi sua formação?
Malu: Fui para faculdade e experimentei diversos setores. Trabalhei em escolas, nas relações pessoais, e atendendo, em ambulatório de hospitais, pessoas que haviam sofrido algum trauma.


Autora: E você sempre trabalhou nisso?
Malu: Não. Depois da faculdade, a vida ‘apertou’ e eu precisei ganhar dinheiro. Larguei o que estava fazendo e fui trabalhar como representante comercial. Eu vendia muito para ‘Mesbla’, o volume de vendas era grande e o dinheiro era fácil, mas não era algo que eu gostava de fazer. Então, resolvi buscar outro caminho que me deixasse mais feliz, e tinha que ser na psicologia porque era o que eu sabia fazer.

Autora: E foi assim que você chegou a fazer o que faz hoje?
Malu: Bom, eu procurei uma amiga que estava trabalhando na época, ela me indicou professores e eu voltei a fazer cursos das mais diversas especialidades, como “Formação de Terapia Corporal”. Depois, já com o meu consultório, fiz o curso de “Terapia de Família”.
Lá, eu comecei a aprender “Família e Casal” e me apaixonei pelo trabalho. Gosto muito. Acho que é um trabalho em que consigo ter um resultado muito rápido porque mexe com uma porção de gente ao mesmo tempo. As pessoas chegam sofrendo e as vemos melhorando, fazendo alterações em suas vidas e conversando melhor. Acho que sirvo de mediadora de conversas difíceis; penso no meu trabalho assim, como “facilitadora de conversa”.

Autora: Mas você chega a aconselhar as pessoas?
Malu: Não, eu ajudo o outro a escutar. Porque uma coisa é o que um fala, outra é o que o próximo escuta. Às vezes a pessoa fala com um olhar, e o outro acha que quer dizer isso ou aquilo. Quando coloca um estranho no meio da relação, você tem que explicar o que aquilo significa, o outro também escuta a explicação, e isso ajuda a amenizar a situação.


Autora: Você tem um consultório?
Malu: Tenho um consultório no Humaitá, no Rio de Janeiro. Atualmente trabalho só lá, mas já trabalhei com voluntariado.

Autora: Onde você foi voluntária?
Malu: Em diversos lugares, mas há pouco tempo trabalhei por um ano no Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro com um grupo de pacientes em reabilitação, cujos integrantes haviam ficado cegos ou por diabetes ou por outros problemas que podem levar a diminuição da visão.

Autora: O que você acha do trabalho voluntário?
Malu: De vez em quando faço esse tipo de trabalho, acho importante. Estudei em faculdade pública e acho que devo um pouco da minha formação de volta a quem não paga.

Autora: Você tem algum projeto voluntariado futuro em mente?
Malu: Não tenho nenhum projeto de trabalho voluntário em vista, mas não significa que não esteja disposta a encarar um bom projeto quando aparecer.

Autora: O ramo em que você trabalha é basicamente feminino, certo? Como você se sente em relação a isso?
Malu: É, de fato, um ramo feminino de trabalho. Vejo com naturalidade. Acho que há características que facilitam o trabalho. As mulheres têm uma habilidade quase inata de conversar e estreitar relações. Homens são melhores em resolver problemas práticos, e essa característica não é adequada para nossa profissão. É claro que quando falo dessas diferenças de gênero, generalizo. Há muitos homens na psicologia, mas costumamos brincar que todos têm alma feminina. (risos)

Autora: Como é sua relação com os pacientes? Eles saem realizados?
Malu: Nem sempre. Às vezes eles saem com muita raiva, nem sempre é fácil, mas pelo menos, ajuda os casais a saírem daquele lugar, daquela situação, que não estava funcionando mais.

Autora: É bom conversar com as pessoas, então?
Malu: Eu gosto. Tem gente que não entende e pergunta: “Como você aguenta?” e eu digo “Eu não tenho que aguentar ou não aguentar.” Eu acho muito bom poder escutar as pessoas, ajudá-las a melhorar um pouco, através do bem estar ou até mesmo através do mal estar as ajudamos.

Autora: Muitos pensam que o psicólogo toma os problemas dos outros para si. Isso é verdade?
Malu: Não. É claro que às vezes a gente encontra uma pessoa com um sofrimento que te lembre um sofrimento seu, outras alegrias também. A gente pensa coisas que talvez não pensasse naquele momento, por estar com o outro. Mas levar para casa e ficar atormentada não, mesmo que a gente se preocupe com um ou outro. Na sexta-feira, pegamos a nossa malinha, cada um carrega a sua mochila! (risos)

Autora: Com certeza, não se pode deixar afetar.
Malu: Sim, é importante a gente se cuidar, conhecer a si mesmo, para não deixar os nossos malefícios atingirem a vida dos outros. Quando a gente se conhece, fica mais fácil. Por isso é bom também o terapeuta fazer terapia. Como eu já passei por riscos e já tive coragem de atravessar muitas dificuldades na minha própria vida, eu consigo ajudar as pessoas a transporem obstáculos, sem barrar o caminho do outro. Se isso ocorresse, eu não aguentaria. Temos que ficar de olho em nós mesmos porque o nosso instrumento de trabalho é o que a gente tem e o que gente pensa, somos nós.

Autora: Você tem apoio da família em sua carreira?
Malu: Minha mãe sempre me deu força e daria para qualquer coisa que decidisse fazer.
Meu pai nunca entendeu o motivo de eu não ter estudado medicina. Nem tentei explicar. Meu filho acha normal. Também acharia se fosse qualquer outra coisa. Meu marido apoia minhas decisões e dá força. Às vezes dá até palpite! - não sobre meus pacientes, mas sobre o consultório, minha postura profissional, essas coisas.

Autora: O que você recomenda para quem quer cursar essa faculdade?
Malu: Os caminhos são tão individuais. Vejo a faculdade como um lugar onde o aluno é apresentado a um novo universo onde lhe será dado toda a bibliografia para iniciar a jornada. A partir daí, cada um envereda por seu campo de interesse e começa a fazer estágios, que, nessa área, raríssimamente são remunerados.
Depois que a pessoa se forma é que o grande aprendizado começa. A cada paciente, novos desafios, mais estudos para tentar ajudar, cursos, livros. E assim vamos. Não acaba nunca. Mas isso é a minha opinião.


Autora: Com esse trabalho todo, você tem algum hobbie? O que faz para se divertir?
Malu: Faço artesanato. Meu marido e eu dizemos que quarta-feira, o dia em que faço o curso de artesanato, eu vou brincar. É muito bom! Eu tenho um feriado no meio da semana!

Agradeço imensamente a participação da Malu Palma na entrevista! Obrigada, Malu!


Aguarde novos relatos de outras Mulheres que fazem a diferença!


Leia também: Conversa com a Autora