segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Malu Palma, a terapeuta que se auto-denomina “facilitadora de conversa”

Mulheres que fazem a diferença

Entrevista com Malu Palma, a terapeuta que se auto-denomina “facilitadora de conversa”

Quem não precisa de vez em quando conversar com alguém? Contar sua vida, seus “causos” ou, simplesmente, desabafar?
Vitória Pratini e Malu Palma
Muitas vezes procuramos alguém fora do nosso cotidiano, que nos ajude a entender nossos próprios problemas e a encontrar uma solução para eles. Um profissional, que nos escute sem julgar e sem dar conselhos que atravanquem ainda mais nossa situação. Esse profissional é o psicólogo.

Malu Palma é uma mulher que faz a diferença. Psicóloga de formação, especializada em terapia de casal, simpaticíssima e super talentosa no artesanato.

Ela contou ao “Conversa com a Autora: Entrevistas” um pouco da sua história profissional.

Autora: Você sempre quis ser psicóloga?
Malu: Na época do vestibular, fiz uma orientação vocacional, e como já fazia terapia há algum tempo, achei que a psicologia seria um caminho bom!

Autora: Você se sente realizada com seu trabalho atualmente?
Malu: Sou inquieta sabe?! Gosto muito do que faço, mas estou sempre procurando coisas pra estudar, cursos e grupos de estudo. Acho que sempre dá pra melhorar. Sou muito satisfeita por ter escolhido a profissão certa. Não poderia estar em outro lugar.

Autora: Como foi sua formação?
Malu: Fui para faculdade e experimentei diversos setores. Trabalhei em escolas, nas relações pessoais, e atendendo, em ambulatório de hospitais, pessoas que haviam sofrido algum trauma.


Autora: E você sempre trabalhou nisso?
Malu: Não. Depois da faculdade, a vida ‘apertou’ e eu precisei ganhar dinheiro. Larguei o que estava fazendo e fui trabalhar como representante comercial. Eu vendia muito para ‘Mesbla’, o volume de vendas era grande e o dinheiro era fácil, mas não era algo que eu gostava de fazer. Então, resolvi buscar outro caminho que me deixasse mais feliz, e tinha que ser na psicologia porque era o que eu sabia fazer.

Autora: E foi assim que você chegou a fazer o que faz hoje?
Malu: Bom, eu procurei uma amiga que estava trabalhando na época, ela me indicou professores e eu voltei a fazer cursos das mais diversas especialidades, como “Formação de Terapia Corporal”. Depois, já com o meu consultório, fiz o curso de “Terapia de Família”.
Lá, eu comecei a aprender “Família e Casal” e me apaixonei pelo trabalho. Gosto muito. Acho que é um trabalho em que consigo ter um resultado muito rápido porque mexe com uma porção de gente ao mesmo tempo. As pessoas chegam sofrendo e as vemos melhorando, fazendo alterações em suas vidas e conversando melhor. Acho que sirvo de mediadora de conversas difíceis; penso no meu trabalho assim, como “facilitadora de conversa”.

Autora: Mas você chega a aconselhar as pessoas?
Malu: Não, eu ajudo o outro a escutar. Porque uma coisa é o que um fala, outra é o que o próximo escuta. Às vezes a pessoa fala com um olhar, e o outro acha que quer dizer isso ou aquilo. Quando coloca um estranho no meio da relação, você tem que explicar o que aquilo significa, o outro também escuta a explicação, e isso ajuda a amenizar a situação.


Autora: Você tem um consultório?
Malu: Tenho um consultório no Humaitá, no Rio de Janeiro. Atualmente trabalho só lá, mas já trabalhei com voluntariado.

Autora: Onde você foi voluntária?
Malu: Em diversos lugares, mas há pouco tempo trabalhei por um ano no Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro com um grupo de pacientes em reabilitação, cujos integrantes haviam ficado cegos ou por diabetes ou por outros problemas que podem levar a diminuição da visão.

Autora: O que você acha do trabalho voluntário?
Malu: De vez em quando faço esse tipo de trabalho, acho importante. Estudei em faculdade pública e acho que devo um pouco da minha formação de volta a quem não paga.

Autora: Você tem algum projeto voluntariado futuro em mente?
Malu: Não tenho nenhum projeto de trabalho voluntário em vista, mas não significa que não esteja disposta a encarar um bom projeto quando aparecer.

Autora: O ramo em que você trabalha é basicamente feminino, certo? Como você se sente em relação a isso?
Malu: É, de fato, um ramo feminino de trabalho. Vejo com naturalidade. Acho que há características que facilitam o trabalho. As mulheres têm uma habilidade quase inata de conversar e estreitar relações. Homens são melhores em resolver problemas práticos, e essa característica não é adequada para nossa profissão. É claro que quando falo dessas diferenças de gênero, generalizo. Há muitos homens na psicologia, mas costumamos brincar que todos têm alma feminina. (risos)

Autora: Como é sua relação com os pacientes? Eles saem realizados?
Malu: Nem sempre. Às vezes eles saem com muita raiva, nem sempre é fácil, mas pelo menos, ajuda os casais a saírem daquele lugar, daquela situação, que não estava funcionando mais.

Autora: É bom conversar com as pessoas, então?
Malu: Eu gosto. Tem gente que não entende e pergunta: “Como você aguenta?” e eu digo “Eu não tenho que aguentar ou não aguentar.” Eu acho muito bom poder escutar as pessoas, ajudá-las a melhorar um pouco, através do bem estar ou até mesmo através do mal estar as ajudamos.

Autora: Muitos pensam que o psicólogo toma os problemas dos outros para si. Isso é verdade?
Malu: Não. É claro que às vezes a gente encontra uma pessoa com um sofrimento que te lembre um sofrimento seu, outras alegrias também. A gente pensa coisas que talvez não pensasse naquele momento, por estar com o outro. Mas levar para casa e ficar atormentada não, mesmo que a gente se preocupe com um ou outro. Na sexta-feira, pegamos a nossa malinha, cada um carrega a sua mochila! (risos)

Autora: Com certeza, não se pode deixar afetar.
Malu: Sim, é importante a gente se cuidar, conhecer a si mesmo, para não deixar os nossos malefícios atingirem a vida dos outros. Quando a gente se conhece, fica mais fácil. Por isso é bom também o terapeuta fazer terapia. Como eu já passei por riscos e já tive coragem de atravessar muitas dificuldades na minha própria vida, eu consigo ajudar as pessoas a transporem obstáculos, sem barrar o caminho do outro. Se isso ocorresse, eu não aguentaria. Temos que ficar de olho em nós mesmos porque o nosso instrumento de trabalho é o que a gente tem e o que gente pensa, somos nós.

Autora: Você tem apoio da família em sua carreira?
Malu: Minha mãe sempre me deu força e daria para qualquer coisa que decidisse fazer.
Meu pai nunca entendeu o motivo de eu não ter estudado medicina. Nem tentei explicar. Meu filho acha normal. Também acharia se fosse qualquer outra coisa. Meu marido apoia minhas decisões e dá força. Às vezes dá até palpite! - não sobre meus pacientes, mas sobre o consultório, minha postura profissional, essas coisas.

Autora: O que você recomenda para quem quer cursar essa faculdade?
Malu: Os caminhos são tão individuais. Vejo a faculdade como um lugar onde o aluno é apresentado a um novo universo onde lhe será dado toda a bibliografia para iniciar a jornada. A partir daí, cada um envereda por seu campo de interesse e começa a fazer estágios, que, nessa área, raríssimamente são remunerados.
Depois que a pessoa se forma é que o grande aprendizado começa. A cada paciente, novos desafios, mais estudos para tentar ajudar, cursos, livros. E assim vamos. Não acaba nunca. Mas isso é a minha opinião.


Autora: Com esse trabalho todo, você tem algum hobbie? O que faz para se divertir?
Malu: Faço artesanato. Meu marido e eu dizemos que quarta-feira, o dia em que faço o curso de artesanato, eu vou brincar. É muito bom! Eu tenho um feriado no meio da semana!

Agradeço imensamente a participação da Malu Palma na entrevista! Obrigada, Malu!


Aguarde novos relatos de outras Mulheres que fazem a diferença!


Leia também: Conversa com a Autora

2 comentários:

Unknown disse...

Vitoria
Gostei muito da sua iniciativa e competência de colocar essa entrevista no ar: um blog agradável de se estar e navegar, e principalmente o papo com a Malu.
É muito bom saber que existem mulheres assim, como vcs.
Parabéns!
Grande abraço e sucesso.
Heron Guatiello

Vitória Pratini disse...

Olá, Heron!
Muito obrigada!
Que bom que você gostou do blog e da entrevista! :)
Obrigada pela visita! Volte sempre!
Vitória