terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Aline Silva, uma petroleira desempenhando funções num universo basicamente masculino

Aline Silva Santos é uma mulher que faz a diferença.
Formada como técnica em informática, hoje ela trabalha em uma plataforma de petróleo da Petrobrás localizada na Bacia de Campos – Rio de Janeiro. Aline conta a "Conversa com a Autora: Entrevistas" um pouco de seu trabalho em um universo basicamente masculino.

Autora: Aline, você trabalha embarcada na P-54 e sua função é operadora de embarcação, no que consiste seu trabalho?
Aline: Somos responsáveis pelo armazenamento e escoamento do óleo produzido pela plataforma, além de controlar a estabilidade do navio.

Autora: Como chegou a fazer o que faz hoje?
Aline: Sempre trabalhei na área administrativa. Fiz o concurso tendo pouquíssima noção da função que exerço. Na verdade, nunca imaginei fazer esse trabalho, e só no curso de formação é que comecei a entender qual seria meu futuro profissional; e foi aí que comecei a me apaixonar pelo que faço.

Autora: Como se sente sendo uma das únicas mulheres na equipe?
Aline: É uma responsabilidade enorme, já que você fica em foco, tendo que mostrar que é tão capaz quanto os colegas de trabalho; mas é também um orgulho, uma superação, saber que exerço uma função tipicamente masculina.

Autora: Como é sua relação com seus colegas de trabalho?
Aline: É super tranqüila, uma relação de muito respeito e de admiração profissional mútua.
Brinco, às vezes, que é uma pena saber que a nossa equipe não vai permanecer assim para sempre, já que naturalmente, ao longo do tempo, colegas irão sair, outros irão chegar para completar o quadro e que de alguma forma essa integração, essa equipe coesa vai sofrer alterações; mas quando a gente faz o que gosta, é mais fácil se adaptar a mudanças.

Autora: O que é mais difícil em sua linha de trabalho? Por trabalhar embarcada, ficar longe da família deve ser difícil.
Aline: Estar confinada, não poder comemorar datas importantes, não é problema para mim. Difícil mesmo, é ficar longe da família, principalmente do meu filho; o que compenso me dedicando completamente a ele quando estou de folga.

Autora: Alguma tarefa é diferenciada por você ser mulher?
Aline: Absolutamente. Nós, mulheres, realizamos todas as tarefas que estão no escopo da nossa função. É claro que em determinadas manobras que exigem um esforço físico que ultrapasse o nosso limite, contamos com o apoio dos colegas, que dentro de uma equipe é normal de acontecer, independente de idade, estrutura física ou mesmo sexo.

Autora: Num ambiente de trabalho dito usualmente masculino, qual a reação das pessoas ao redor? Que tipo de impressão você acha que elas têm de você sendo mulher neste ambiente?
Aline: Ainda existe muito preconceito e algumas pessoas acham que não temos capacidade para estar realizando tarefas que até pouco tempo, só eram feitas por homens. Por outro lado, a maioria das pessoas demonstra admiração por constatar o quanto estamos crescendo no mercado de trabalho e quanto somos capazes.
Eu me orgulho muito do que faço e diante de todos os obstáculos que superei, me considero uma vencedora e muito realizada por estar aqui.


Agradeço imensamente à Aline por essa entrevista e por fazer parte do projeto "Mulheres que fazem a diferença".


Desejo um próspero Ano Novo a todos e até semana que vem!




Leia também: Conversa com a Autora.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Marcella Faye, a publicitária que ama trabalhar com hotelaria

Mulheres que fazem a diferença

Marcella Faye é uma mulher que faz a diferença. Publicitária em formação, ela trabalha fora de seu ramo. Mostra simpatia e dedicação na recepção de um hotel no Leme - Rio de Janeiro, adora o que faz, e conta para “Conversa com a Autora: Entrevistas” um pouquinho de como é o seu trabalho na área de hotelaria.

Autora: Como é seu trabalho como Recepcionista de hotel?
Marcella: É muito cansativo, tenho que estar sorrindo e apresentável o tempo inteiro, mas por outro lado estou gostando muito, pois estou fazendo algo que nunca imaginei estar fazendo na vida.
É um trabalho totalmente diferente do que eu deveria estar fazendo. Não tem nada a ver com minha formação, pois estou cursando publicidade. Conheci e realmente me identifiquei. Comecei porque precisava de um emprego e era algo bem versátil, e então, eu me encontrei.

Autora: E o que você acha do trabalho?
Marcella: Conheço gente nova todos os dias, ouço muitas histórias diferentes. Coisas que eu nunca imaginei saber na vida, como encontrar muitos estrangeiros, ter a oportunidade de conhecer novas línguas e falar outros idiomas. Inglês, por exemplo, que gosto muito. Estou agora aprendendo um pouco de chinês, alemão... É muito legal!

Autora: Como é o ambiente de trabalho?
Marcella: É muito bom e o pessoal também!

Autora: E o staff é grande?
Marcella: São doze recepcionistas divididos em três turnos. Todo mundo se encontra, então todos somos amigos! Como trabalho no turno da manhã, encontro o pessoal da madrugada e da tarde também. Tenho um chefe maravilhoso, que é como um pai para todos lá. E é difícil achar alguém da chefia assim.

Autora: Como é sua relação com os colegas de trabalho?
Marcella: É muito boa! Todos se conhecem e são amigos! Eu falo com o faxineiro, com o arrumador, com o rapaz da portaria de serviço... Todo mundo é igual lá e se trata super bem.

Autora: Como é sua relação com os clientes?
Marcella: Conheço muitas histórias de outros lugares. As pessoas gostam de falar sobre seu país, sobre o que tem por lá. Elas vêm para cá, para o Rio de Janeiro, e muita gente tem medo. Perguntam “É seguro andar na rua? Posso andar normalmente? Usar jóias?”. Acho até engraçado, pois estamos acostumados, saímos de casa todos os dias e não temos essa preocupação.

Autora: E vocês dão dicas de onde ir, o que fazer?
Marcella: Sim, temos influência no que as pessoas fazem, porque chegam aqui e dependem de nós para andarem pela cidade. Algo que eu percebo é que os turistas vêm pra cá e querem eles mesmos olharem o mapa, pegar um ônibus e ir. Eles querem se virar. E, assim, dependem dos recepcionistas do hotel para dar as instruções e dizer aonde ir, aonde descer do ônibus. Por eles serem dependentes, acho legal ajudar de alguma forma.

Autora: E vocês tem algum tipo de "hóspedes permanentes" ou que, pelo menos, sempre hospedam-se com vocês?
Marcella: Sim, os hóspedes, que nós chamamos de habitués, são aqueles que estão sempre hospedados lá. Alguns falam “Só fico neste hotel por causa de vocês!” porque desde o momento que eles chegam ao hotel, damos o máximo de suporte para estarem lá. Alguns vão só para conversar. Nós os abraçamos e acolhemos mesmo. No carnaval, por exemplo, sempre tem festa no hotel. É muito divertido! Inclusive saímos da recepção para sambar com os hóspedes!

Autora: Os hóspedes ficam satisfeitos, então?
Marcella: Os hóspedes estão sempre voltando, justamente pelo atendimento diferenciado que damos. Às vezes, por exemplo, se um hóspede passa mal, chamamos o médico ou, até, o acompanhamos ao hospital. Procuramos sempre dar esse apoio.

Autora: Que tipo de hóspede vocês tem no Hotel?
Marcella: Lá temos muitas tripulações, que estão lá quase todos os dias, então há certa intimidade entre os funcionários e os hóspedes. Quando eles vão à rua, se preocupam, perguntando se queremos algo... é bem uma cumplicidade mesmo.

Autora: E famosos, também hospedam-se lá?
Marcella: Algumas vezes sim. Hospedam-se atores, pois muitas vezes tem gravação de novelas e filmes naquela parte da praia, que é no Leme. O almoço deles e a troca de figurino acontecem lá no Hotel. Já se hospedaram bandas, além de muitos times de esportes, quando tem jogo. Jogadores de futebol, mesmo fora de grupos, ficam por lá. Um deles agora está morando lá no Hotel, o André Luiz do Fluminense. Já estiveram hospedados o Thiago Lacerda, a Camila Pitanga... Muita gente mesmo!

Autora: O Hotel no qual você trabalha também é apart-hotel?
Marcella: Não, lá é Hotel mesmo. Mas, por exemplo, muitas pessoas que são de empresas, moram em São Paulo e precisam ficar algum tempo aqui no Rio, hospedam-se lá. Há pessoas, por exemplo, que estão lá há três meses direto, morando lá. Vão e voltam. Há, ainda, alguns hospedes que moram por um tempo lá, mas não é apart-hotel. Fazemos até um pacote especial para não ficar caro demais, com preço bom, justamente pelo tempo que eles permanecem, pois disponibilizamos o apartamento somente para eles.

Autora: Quando você foi trabalhar, procurou um hotel?
Marcella: Não, eu entrei por acaso. Estava trabalhando em uma agência de publicidade, fazendo propagandas, filmes e comerciais. Só que era muito distante da minha casa, em torno de três horas para ir e três para voltar. Trabalhava o dia inteiro e não recebia salário, somente o valor do transporte, e ainda assim, às vezes tinha que inteirar.

Autora: Como chegou nesse Hotel do Leme?
Marcella: Uma amiga minha trabalhava em um hotel e perguntei para ela se não teria a possibilidade de conseguir um trabalho para mim. Eu fui, então, numa sexta-feira, fazer uma reunião com o RH e com o meu atual chefe de recepção. No meio da entrevista, ele começou a falar inglês de repente! E ele tem uma voz diferente, então pensei “O que esse cara está falando?” pois sei falar inglês mas não tão fluente assim. Tentei falar normalmente com ele, e, na mesma hora ele disse que na segunda-feira eu poderia começar.

Autora: E onde você foi trabalhar? Direto na recepção?
Marcella: Primeiro achei que fosse ficar no caixa do restaurante, quieta lá no meu canto. Mas não, o meu chefe me disse que eu ficaria na recepção.
No começo foi bem difícil porque tive que me acostumar a ficar em pé o tempo inteiro. Tive dores nas pernas, fiquei cansada, queria me sentar a todo momento. Achei que ele fosse me mandar embora no mesmo mês porque eu estava me arrastando! Mas consegui pegar o ritmo e agora já estou lá há dois anos e pouquinho.

Autora: O que você acha da recepção?
Marcella: Estou acostumada a ficar na recepção a manhã toda. Eu não acreditava nisso, mas quando comecei a trabalhar percebi: a recepção é o coração do hotel. Nada acontece sem que passe por ali. Todo e qualquer problema passa para a recepção e nós que damos um jeito de resolver. Se não tiver recepção, não funciona!

Autora: Você gosta do que faz?
Marcella: Gosto muito! Às vezes reclamo, digo que minha perna está doendo, como agora estou com a bota aqui (Marcella estava, no dia da entrevista, com tendinite em uma das pernas por causa do trabalho e usava uma bota ortopédica), mas adoro! Se fosse mudar, seria para outro local parecido.

Autora: Como foi "encontrar-se" na hotelaria?
Marcella: Hotelaria foi bom para mim porque não sou uma pessoa tímida ou envergonhada, até converso bastante, só que eu me segurava um pouco. Agora, querendo ou não, eu tenho que falar com pessoas que nunca vi na vida. Aprendi a ser assim, mais extrovertida e aberta para falar com quem não conheço, sabe? É a prática! Abriu oportunidades.

Autora: Você pretende futuramente fazer uma faculdade de hotelaria?
Marcella: Bom, falta apenas um ano para eu terminar a faculdade de publicidade. Não pretendo fazer exatamente uma faculdade de hotelaria, mas uma pós relacionada a isso.

Autora: E com publicidade, você não pretende trabalhar?
Marcella: Por enquanto não, porque gosto desse caminho que eu encontrei na hotelaria.

Autora: Nem pretende conciliar a publicidade com a hotelaria?
Marcella: Se surgir futuramente pela publicidade uma oportunidade melhor do que estou agora, com certeza. Não posso dizer que vou ficar na hotelaria para sempre! Mas, por enquanto, não, apesar de usar a publicidade para divulgar meu trabalho e o que faço como hobbie.

Autora: Quais são seus hobbies?
Marcella: Gosto de trabalhar com arte, fazer trabalho gráfico e scrapbook. Gosto de fazer pra mim, como uma maneira de descansar. Divulgo no meu blog e às vezes as pessoas se interessam e encomendam.

Autora: Você tem alguma dica para quem está começando?
Marcella: Paciência porque você resolve o problema dos outros o dia inteiro e, muitas vezes, recebe reclamações das quais você não poderia fazer absolutamente nada para resolver, mas você tem que ouvir pacientemente. Tentamos ajudar de qualquer forma, às vezes não está ao nosso alcance, então falamos “olha, desculpa, mas não tenho o que fazer!”.
Ainda mais que turistas estão em um lugar que eles não conhecem e são dependentes mesmo da recepção.
Outra característica é ter que gostar de lidar com o público e ter uma simpatia natural, porque é necessário entender que as pessoas chegam cansadas de horas e horas de vôo e não querem encontrar alguém mal humorado, indisposto a ajudar, mas ser recepcionado com um sorriso, querem se sentir acolhidas, pois ali é um local onde elas vão descansar e ter as instruções para conhecer o local e se divertir.
Fazer academia, andar bastante ou praticar algum esporte (risos) para ter uma capacidade física boa para estar ali em pé, com as pernas doloridas, ralando o dia todo, de rádio na mão para cima e para baixo. Tem, também, que estar sempre alerta, pois você está lidando com pessoas diferentes todos os dias, tanto de dentro do hotel quanto de fora, e quando chega hóspede novo ou grandes grupos, a bagagem fica ali no lobby e se sumir algo, a culpa é nossa, então, é preciso ficar sempre de olho no que acontece.


Agradeço encarecidamente pela participação de Marcella Faye no projeto "Mulheres que fazem a diferença"!


Aguarde novos relatos nas próximas semanas.

Feliz Natal a todos!

Leia também: Conversa com a Autora

sábado, 11 de dezembro de 2010

Beatriz Naveiro, artesã e coordenadora geral do Jornal EntreArtes

Mulheres que fazem a diferença

Beatriz Naveiro é uma mulher que faz a diferença. Ela é coodenadora geral do Jornal EntreArtes, distribuído mensalmente, de forma gratuita, em municípios do estado do Rio de Janeiro; organizadora de eventos, uma artesã muito talentosa, além de extremamente simpática.
O Jornal, de artesanato, em 2010, completa dez anos de existência e Beatriz contou para “Conversa com a Autora: Entrevistas” um pouco de sua trajetória e de seu trabalho.

Autora: Gostaria de saber um pouco de sua história.
Beatriz: Me formei em Belas Artes e em Arquitetura. Passei dez anos trabalhando com este segundo curso. Cansei. Fiz um curso de joalheria com Caio e Paula Mourão. Ele me convidou para dar aula de resina em seu atelier. E foi o que fiz, por quinze anos. Como era de se esperar, depois de tanto tempo, queria algo novo. Fui para os Estados Unidos e lá me interessei por fazer velas, e quando voltei, fui dar aula desta técnica. Após vários anos, pensei “O que fazer agora? Algo novo. Mas, até o momento, o que fiz? Passei informação através das aulas. Agora irei passar informação.”

Autora: Foi aí que surgiu a ideia do Jornal EntreArtes?
Beatriz: Sim, eu sabia muita coisa sobre artesanato e queria passar essas informações para as pessoas. Porém, eu não sabia nada sobre Jornalismo ou sobre como fazer um jornal. O que fazer então? Contratei uma jornalista, que hoje é minha sócia, Marcia Renault, e um diagramador para me auxiliarem e estruturarem o jornal. E eu precisava de ajuda, até porque o jornal é distribuído gratuitamente. Mas a pauta do jornal, é claro, sou eu que faço: procuro anunciantes, artesãos, ideias novas, dicas, tudo que sei que interessa ao artesão. 

Autora: Aonde é feita a distribuição? Como decide onde será feita essa distribuição?
Beatriz: A princípio, a distribuição é feita nos anunciantes, para que o público deles tenha acesso ao Jornal. Distribuímos no Rio e no Grande Rio, em municípios como Nilópolis, Cabo Frio, Caxias, Nova Iguaçu, Campo Grande, Teresópolis, Petrópolis, Itaipava, Resende... e por aí vai.

Autora: Qual o intuito de distribuir gratuitamente o Jornal?
Beatriz: O Jornal é gratuito justamente para atingir o artesão, que muitas vezes não pode arcar com este gasto todo mês. É uma maneira de facilitar a divulgação para os anunciantes.

Autora: E a revista EntreArtes? Como surgiu?
Beatriz: A revista é, basicamente, para as professoras. Ela tem como objetivo prestar um serviço para quem quer fazer a sua própria revista. Fazemos uma revista pela editora EntreArtes - com o título escolhido pelo cliente, seja com a marca de um ateliê ou o nome de um artesã , a editoração eletrônica e a impressão, entregando o material pronto para as professoras. É tudo sob encomenda, feito sob medida.

Autora: Como se sente com seu projeto do Jornal EntreArtes completando dez anos em 2010?
Beatriz: Sinto-me vitoriosa, porque não é fácil levar um negócio pequeno no Brasil. Há pouco apoio, pouco subsídio, até das próprias empresas do setor. Ainda mais eu, sem nenhuma experiência em trabalhar com jornal e com editoração. Realmente, me sinto vitoriosa, por ter construído pouco a pouco meu trabalho, colocando a cada dia, até hoje, um tijolo na minha parede, pois, se deixarmos de lado e não perseverarmos, essa parede desmorona.

Autora: Vitoriosa, também, por ter subido na vida?
Beatriz: Nem digo “subido na vida” porque um dia você está em cima, no outro já está em baixo. Para se conseguir o que quer e manter o que tem é preciso perseverança.

Autora: Você também organiza eventos. Como são?
Beatriz: O objetivo de organizar eventos era justamente fazer eventos de qualidade nos quais o Jornal pudesse participar. Assim, me uni a Iara Madeira e Ignez Leig, ex-presidente da Associação Brasileira de Pintores em Porcelana, para organizar a Convenção Brasileira de Pintura Decorativa. Fizemos, então, um evento aos moldes dos Estados Unidos, com oficinas ministradas por professores do Brasil e do exterior, e mais de quarenta expositores, incluindo fábricas vendendo seus produtos para artesanato. Expandimos e consolidamos o evento, e hoje temos empresas expositoras de todo Brasil, inclusive para São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Autora: E quanto aos projetos “Pinta Brasil” e “Pintando a bordo”?
Beatriz: Estes são eventos menores, ramificações da Convenção, sendo o foco sempre em Pintura Decorativa. Ambos são seminários. O “Pinta Brasil” acontece em um hotel, por isso são apenas cinco ou seis expositores, incluindo as empresas que vendem artigos de artesanato. Neste ano de 2010, o “Pinta Brasil” realizou em outubro cinco seminários com as professoras Mara Fernandes (SP) e Judy Diephouse (EUA). Já o “Pintando a bordo” são cinco dias em um cruzeiro, no qual as pessoas vão pintar e se divertir, caso não pintem!

Autora: Você é diretora financeira da Associação dos Artesãos e Produtores Rudimentares do Estado do Rio de Janeiro (AART-RJ), certo?
Beatriz: Sim, mas isso é totalmente dissociado de tudo o resto que faço: o Jornal e os eventos.

Autora: Você mesma, atualmente, faz algum tipo de artesanato?
Beatriz: Faço todos os tipos de artesanato! Bijuteria, arte em madeira, costura, de tudo um pouco. Padeço do mal da ansiedade e por isso tenho que estar sempre fazendo algo.

Autora: E você chega a vender o que faz?
Beatriz: Bom, eu faço primeiro para mim mesma. Depois, se alguém gostar muito, faço sob encomenda, pois minha veia comercial fala mais alto. Esse é o mal de ser multifacetada! (risos)

Autora: Quando lhe apresentei o nome do projeto de entrevistas “Mulheres que fazem a diferença”, você me disse “Modéstia à parte, eu realmente faço a diferença”. Poderia me dizer, porque você é uma mulher que faz a diferença?
Beatriz: Faço a diferença porque sou ousada e porque tenho muita criatividade e exercito isso. Com essas características, tenho a capacidade de realização, pois corro, vou atrás e consigo o que quero. Pense bem, perseverar é muito difícil. As pessoas desistem no meio do caminho, em vez de buscar sua falha, mudar sua abordagem e se corrigir. Eu tenho essa capacidade, de encontrar meu erro e consertá-lo.


Agradeço imensamente a participação de Beatriz Naveiro em "Mulheres que fazem a diferença".


Aguarde novos relatos e entrevistas na próxima semana.

Leia também: Conversa com a Autora

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Malu Palma, a terapeuta que se auto-denomina “facilitadora de conversa”

Mulheres que fazem a diferença

Entrevista com Malu Palma, a terapeuta que se auto-denomina “facilitadora de conversa”

Quem não precisa de vez em quando conversar com alguém? Contar sua vida, seus “causos” ou, simplesmente, desabafar?
Vitória Pratini e Malu Palma
Muitas vezes procuramos alguém fora do nosso cotidiano, que nos ajude a entender nossos próprios problemas e a encontrar uma solução para eles. Um profissional, que nos escute sem julgar e sem dar conselhos que atravanquem ainda mais nossa situação. Esse profissional é o psicólogo.

Malu Palma é uma mulher que faz a diferença. Psicóloga de formação, especializada em terapia de casal, simpaticíssima e super talentosa no artesanato.

Ela contou ao “Conversa com a Autora: Entrevistas” um pouco da sua história profissional.

Autora: Você sempre quis ser psicóloga?
Malu: Na época do vestibular, fiz uma orientação vocacional, e como já fazia terapia há algum tempo, achei que a psicologia seria um caminho bom!

Autora: Você se sente realizada com seu trabalho atualmente?
Malu: Sou inquieta sabe?! Gosto muito do que faço, mas estou sempre procurando coisas pra estudar, cursos e grupos de estudo. Acho que sempre dá pra melhorar. Sou muito satisfeita por ter escolhido a profissão certa. Não poderia estar em outro lugar.

Autora: Como foi sua formação?
Malu: Fui para faculdade e experimentei diversos setores. Trabalhei em escolas, nas relações pessoais, e atendendo, em ambulatório de hospitais, pessoas que haviam sofrido algum trauma.


Autora: E você sempre trabalhou nisso?
Malu: Não. Depois da faculdade, a vida ‘apertou’ e eu precisei ganhar dinheiro. Larguei o que estava fazendo e fui trabalhar como representante comercial. Eu vendia muito para ‘Mesbla’, o volume de vendas era grande e o dinheiro era fácil, mas não era algo que eu gostava de fazer. Então, resolvi buscar outro caminho que me deixasse mais feliz, e tinha que ser na psicologia porque era o que eu sabia fazer.

Autora: E foi assim que você chegou a fazer o que faz hoje?
Malu: Bom, eu procurei uma amiga que estava trabalhando na época, ela me indicou professores e eu voltei a fazer cursos das mais diversas especialidades, como “Formação de Terapia Corporal”. Depois, já com o meu consultório, fiz o curso de “Terapia de Família”.
Lá, eu comecei a aprender “Família e Casal” e me apaixonei pelo trabalho. Gosto muito. Acho que é um trabalho em que consigo ter um resultado muito rápido porque mexe com uma porção de gente ao mesmo tempo. As pessoas chegam sofrendo e as vemos melhorando, fazendo alterações em suas vidas e conversando melhor. Acho que sirvo de mediadora de conversas difíceis; penso no meu trabalho assim, como “facilitadora de conversa”.

Autora: Mas você chega a aconselhar as pessoas?
Malu: Não, eu ajudo o outro a escutar. Porque uma coisa é o que um fala, outra é o que o próximo escuta. Às vezes a pessoa fala com um olhar, e o outro acha que quer dizer isso ou aquilo. Quando coloca um estranho no meio da relação, você tem que explicar o que aquilo significa, o outro também escuta a explicação, e isso ajuda a amenizar a situação.


Autora: Você tem um consultório?
Malu: Tenho um consultório no Humaitá, no Rio de Janeiro. Atualmente trabalho só lá, mas já trabalhei com voluntariado.

Autora: Onde você foi voluntária?
Malu: Em diversos lugares, mas há pouco tempo trabalhei por um ano no Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro com um grupo de pacientes em reabilitação, cujos integrantes haviam ficado cegos ou por diabetes ou por outros problemas que podem levar a diminuição da visão.

Autora: O que você acha do trabalho voluntário?
Malu: De vez em quando faço esse tipo de trabalho, acho importante. Estudei em faculdade pública e acho que devo um pouco da minha formação de volta a quem não paga.

Autora: Você tem algum projeto voluntariado futuro em mente?
Malu: Não tenho nenhum projeto de trabalho voluntário em vista, mas não significa que não esteja disposta a encarar um bom projeto quando aparecer.

Autora: O ramo em que você trabalha é basicamente feminino, certo? Como você se sente em relação a isso?
Malu: É, de fato, um ramo feminino de trabalho. Vejo com naturalidade. Acho que há características que facilitam o trabalho. As mulheres têm uma habilidade quase inata de conversar e estreitar relações. Homens são melhores em resolver problemas práticos, e essa característica não é adequada para nossa profissão. É claro que quando falo dessas diferenças de gênero, generalizo. Há muitos homens na psicologia, mas costumamos brincar que todos têm alma feminina. (risos)

Autora: Como é sua relação com os pacientes? Eles saem realizados?
Malu: Nem sempre. Às vezes eles saem com muita raiva, nem sempre é fácil, mas pelo menos, ajuda os casais a saírem daquele lugar, daquela situação, que não estava funcionando mais.

Autora: É bom conversar com as pessoas, então?
Malu: Eu gosto. Tem gente que não entende e pergunta: “Como você aguenta?” e eu digo “Eu não tenho que aguentar ou não aguentar.” Eu acho muito bom poder escutar as pessoas, ajudá-las a melhorar um pouco, através do bem estar ou até mesmo através do mal estar as ajudamos.

Autora: Muitos pensam que o psicólogo toma os problemas dos outros para si. Isso é verdade?
Malu: Não. É claro que às vezes a gente encontra uma pessoa com um sofrimento que te lembre um sofrimento seu, outras alegrias também. A gente pensa coisas que talvez não pensasse naquele momento, por estar com o outro. Mas levar para casa e ficar atormentada não, mesmo que a gente se preocupe com um ou outro. Na sexta-feira, pegamos a nossa malinha, cada um carrega a sua mochila! (risos)

Autora: Com certeza, não se pode deixar afetar.
Malu: Sim, é importante a gente se cuidar, conhecer a si mesmo, para não deixar os nossos malefícios atingirem a vida dos outros. Quando a gente se conhece, fica mais fácil. Por isso é bom também o terapeuta fazer terapia. Como eu já passei por riscos e já tive coragem de atravessar muitas dificuldades na minha própria vida, eu consigo ajudar as pessoas a transporem obstáculos, sem barrar o caminho do outro. Se isso ocorresse, eu não aguentaria. Temos que ficar de olho em nós mesmos porque o nosso instrumento de trabalho é o que a gente tem e o que gente pensa, somos nós.

Autora: Você tem apoio da família em sua carreira?
Malu: Minha mãe sempre me deu força e daria para qualquer coisa que decidisse fazer.
Meu pai nunca entendeu o motivo de eu não ter estudado medicina. Nem tentei explicar. Meu filho acha normal. Também acharia se fosse qualquer outra coisa. Meu marido apoia minhas decisões e dá força. Às vezes dá até palpite! - não sobre meus pacientes, mas sobre o consultório, minha postura profissional, essas coisas.

Autora: O que você recomenda para quem quer cursar essa faculdade?
Malu: Os caminhos são tão individuais. Vejo a faculdade como um lugar onde o aluno é apresentado a um novo universo onde lhe será dado toda a bibliografia para iniciar a jornada. A partir daí, cada um envereda por seu campo de interesse e começa a fazer estágios, que, nessa área, raríssimamente são remunerados.
Depois que a pessoa se forma é que o grande aprendizado começa. A cada paciente, novos desafios, mais estudos para tentar ajudar, cursos, livros. E assim vamos. Não acaba nunca. Mas isso é a minha opinião.


Autora: Com esse trabalho todo, você tem algum hobbie? O que faz para se divertir?
Malu: Faço artesanato. Meu marido e eu dizemos que quarta-feira, o dia em que faço o curso de artesanato, eu vou brincar. É muito bom! Eu tenho um feriado no meio da semana!

Agradeço imensamente a participação da Malu Palma na entrevista! Obrigada, Malu!


Aguarde novos relatos de outras Mulheres que fazem a diferença!


Leia também: Conversa com a Autora